Sandoval Dias Lameira, conhecido como Negro San, é uma figura emblemática da luta pelos direitos dos afrodescendentes e quilombolas no Brasil. Criado na Vila de Umarizal, Baião, no Pará, Sandoval construiu sua trajetória com base na valorização da cultura negra e no fortalecimento da comunidade quilombola. Sua história é um testemunho da resiliência e do ativismo que permeiam a luta por igualdade racial.
Desde jovem, Sandoval se destacou como um líder comunitário. Ele foi coordenador de grupos de jovens na igreja católica e participou ativamente de eventos que promoviam a educação e a conscientização sobre a cultura quilombola. A criação e coordenação dos blocos carnavalescos sobre lendas Espadarte e Noratinho, em sua comunidade, são exemplos de como ele sempre buscou integrar a cultura local em suas ações.
Após uma temporada de estudos em Belém do Pará, Sandoval ampliou suas perspectivas ao se envolver com a entidade MOCAMBO, um movimento que defende os direitos dos negros e negras. Sua participação em seminários e eventos organizados por entidades como CEDENPA e SEPPIR do Governo Federal consolidou sua formação em temas relacionados aos direitos humanos e à valorização da cultura afrodescendente.
No exercício de sua atividade pública profissional, Sandoval atuou como chefe do Departamento de Promoção da Igualdade Racial na Prefeitura de Baião. Durante seu tempo na administração pública, ele desenvolveu projetos significativos, como a semana municipal da Consciência Negra, que culminou na oficialização do feriado em 20 de novembro. Essa conquista foi resultado de um trabalho conjunto com o vereador Nazareno e a assessoria jurídica de Dr. Raimundo Lira e prefeitura de Baião no Governo Nilton Farias. E foi mais longe, exigindo junto ao departamento jurídico, sob a gestão do Dr. Clei Pantoja, a inclusão do festival quilombola de Umarizal ao festival do Camarão de Itaperuçu, no projeto que oficializou os maiores eventos no calendário da prefeitura de Baião. Sandoval também ajudou a regularizar e a fundar várias Associações Quilombolas no município de Baião, contribuindo assim com a organização social das comunidades, refletindo a importância da colaboração entre diferentes esferas da sociedade.
Além disso, Sandoval promoveu a "Caminhada de Combate ao Racismo", um evento que mobilizou estudantes e cidadãos em prol da igualdade racial, realizado em alusão ao Dia Internacional de Eliminação da Discriminação Racial. Ele também foi um dos padrinhos e apoiadores do projeto "Educação com Consciência não tem cor", idealizado pela professora Tina Rodrigues, visando sensibilizar as novas gerações sobre a importância do respeito às diversidades culturais e étnicas.
Sua dedicação à cultura quilombola é palpável em iniciativas como o projeto "NEGRO SAN Resgatando Raízes", que visou dar visibilidade às tradições culturais e costumes dos quilombolas. Através desse projeto, Sandoval conseguiu contemplar a produção musical local e promover a cultura do samba de Cacete e dos festivais que celebram a cultura afro-brasileira, contribuindo para o reconhecimento e valorização dos artistas da região.
Sandoval Lameira também é um educador. Formado em História pela Universidade Federal do Pará, ele utiliza sua formação e experiências para disseminar conhecimentos sobre a história e a cultura afrodescendente e para o combate ao crime de racismo para seu trabalho em rádio comunitária e redes sociais através do programa "Negro San: Resgatando Raízes", ampliou o alcance de suas ações, permitindo que mais pessoas tivessem acesso a informações e reflexões sobre a cultura negra e a luta contra o racismo.
Em sua trajetória, Sandoval não apenas lutou por direitos e visibilidade, mas também se comprometeu com a transformação social. Ele participou de ações que garantiram a construção de moradia para quilombolas, agilizando a promoção de convênios em projetos que melhoraram a qualidade de vida nas comunidades.
O legado de Sandoval Dias Lameira é uma inspiração para muitos. Sua vida é um exemplo de como é possível unir esforços em prol da justiça social, da igualdade e da valorização da cultura. Ao promover a conscientização e a valorização da história dos quilombolas e afrodescendentes, Sandoval emplacou uma marca indelével na luta pelos direitos humanos e pela promoção da diversidade cultural no Brasil. Sua trajetória é um convite à reflexão sobre a importância da resistência e do ativismo em busca de um futuro mais justo e igualitário para todos e todas.
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